Denunciado por crimes sexuais, vereador preso também é investigado por posse de imagens de abuso infantil
Vereador Cássio Fala Pira é acompanhado por policial após prisão Reprodução/ EPTV A Delegacia Seccional de Piracicaba (SP) tem um inquérito aberto para i...
Vereador Cássio Fala Pira é acompanhado por policial após prisão Reprodução/ EPTV A Delegacia Seccional de Piracicaba (SP) tem um inquérito aberto para investigar suposta posse de material de abuso infantil pelo vereador Cássio Luiz Barbosa, conhecido como Cássio Fala Pira (PL). O parlamentar está preso, desde outubro, após denúncias de crimes sexuais contra ao menos 12 mulheres. "O caso é investigado por meio de inquérito policial na Delegacia Seccional de Piracicaba. Demais detalhes serão preservados devido à natureza da ocorrência", informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). Em nota, a defesa de Cássio afirmou que o material encontrado no celular do vereador tratava-se de conteúdo enviado a ele no formato de denúncia contra outra pessoa. "E o material somente foi localizado justamente porque o vereador foi à tribuna da Câmara de Vereadores e relatou o fato, dizendo que faria a denúncia, o que culminou na busca e apreensão do celular. Portanto, o vereador não possuía nenhuma relação com o material encontrado, e esse fato foi esclarecido no inquérito policial no ano de 2022, sem nenhuma consequência judicial, causando surpresa a utilização desse episódio contra o vereador nesta oportunidade", completou. Vereador Cássio Fala Pira é preso por crimes sexuais em Piracicaba Prisão prorrogada No último dia 5 de novembro, a Polícia Civil informou que a prisão temporária do vereador por crimes sexuais foi prorrogada por mais 30 dias. Ele nega as acusações e afirma que vai provar sua inocência. 📲 Siga o g1 Piracicaba no Instagram O parlamentar foi encaminhado para a cadeia de Tremembé (SP), conhecido como o presídio dos famosos, por onde já passaram criminosos como Suzane von Richtofen, Elize Matsunaga, Daniel e Cristian Cravinhos, Alexandre Nardoni e Roger Abdelmassih. O que se sabe Cássio Fala Pira foi denunciado por 12 mulheres por supostos crimes sexuais até esta quarta-feira (5). Em um dos casos, mostrado com exclusividade pela EPTV, afiliada da TV Globo no dia 2 de outubro, a denunciante afirmou que os abusos aconteceram dentro do gabinete do vereador na Câmara Municipal, quando o acionou porque precisava de emprego. Ela relatou que o parlamentar teria tocado em partes íntimas do seu corpo e colocado as mãos dela à força nas partes íntimas dele. E que o abuso aconteceu depois que ela o acionou porque procurava um emprego. Em outro caso, também revelado pela EPTV, a denunciante disse que foi abusada duas vezes, em situações nas quais o vereador teria lhe oferecido cesta básica e um emprego. Uma terceira denunciante relatou à Polícia Civil que conhece Cássio devido a ações políticas dele em seu bairro e que o parlamentar, em diferentes vezes, fez comentários sexuais sobre seu corpo e, em um dos episódios, passou a mão em sua cintura e quadril. A Polícia Civil cumpriu quatro mandados: um de prisão, na casa do parlamentar, e outros três de busca e apreensão, em um escritório de Cássio localizado no bairro Vila Sônia e em seu gabinete na Câmara Municipal. Foram apreendidos computadores e celulares. Cássio foi levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Piracicaba e ao Instituto Médico Legal para a realização de exames. O vereador ficou preso no 1º DP e, depois, foi transferido ao complexo prisional de Tremembé (SP). Segundo a Câmara Municipal de Piracicaba, a convocação do suplente - que é Fabrício Polezi - para substituir o vereador só ocorrerá se o parlamentar ficar fora do cargo por mais de 120 dias. Com a prisão temporária, Cássio pediu afastamento sem remuneração até 16 de dezembro e o pedido foi aprovado em plenário por 19 votos a 1. No entanto, no dia 13 de outubro, a Câmara publicou um ato da presidência que suspende a função pública do parlamentar. A medida cumpriu determinação judicial. Em comunicado, a Câmara declarou que acompanha de perto o "desenrolar dos acontecimentos" e todas as medidas administrativas e regimentais cabíveis serão tomadas. Em nota, o Diretório Municipal do Partido Liberal (PL) de Piracicaba reconheceu a gravidade das denúncias e afirmou que, se foram confirmadas, vai abrir processo disciplinar que poderá levar à expulsão do parlamentar da legenda. Também em nota, a defesa de Cássio classificou as denúncias como "frágeis", disse que o vereador ainda não teve a oportunidade de dar sua versão à polícia e que sua inocência será provada (veja o texto na íntegra no final da reportagem). Advogado do parlamentar, Jonas Tadeu Parisotto também afirmou que tem conhecimento "de grupos que têm interesse político nessa questão". O que falta saber As investigações estão em andamento. Segundo a polícia, a prisão ocorreu para que elas continuem sem possíveis interferências do suspeito. A Polícia Civil ainda não divulgou quais são as provas reunidas contra o investigado. Também não foi divulgado o teor de todas as denúncias feitas contra o parlamentar. A defesa de Cássio também não apresentou à imprensa, ainda, quais são as provas que disse possuir para provar sua inocência. Vereador de Piracicaba se pronuncia sobre denúncias de crimes sexuais Defesa diz que 'prisão é ilegal' Os advogados do vereador Cássio Fala Pira consideram que a manutenção da prisão é ilegal. "Ocorre abuso de autoridade e constrangimento ilegal com nosso cliente. Vamos tomar as providências cabíveis. No nosso entendimento, a prisão temporária dele deveria ter sido de cinco dias e, excepcionalmente, prorrogada por mais cinco dias", disse o advogado Jonas Parisotto. Segundo a defesa, o vereador está tranquilo em relação às acusações. "As acusações não procedem. Ele se diz inocente. Nós acreditamos porque já olhamos todos os depoimentos e não há nada contundente, que diga que ele cometeu qualquer abuso contra qualquer pessoa lá [nos registros] relacionada. 'Efeito manada', diz advogado Outro advogado de defesa do vereador, Osmir Bertazzoni, explica que as supostas denúncias seguiram o que chamou de 'efeito manada'. "Uma [mulher] foi e fez a denúncia. A denúncia é infundada, até porque nós temos provas de que ela não estava sozinha com o Cássio. O sistema de segurança da Câmara mostra que ela mentiu. Atrás dela, fizeram grupos nas redes sociais para as pessoas denunciarem. Por uma série de motivos, um cargo prometido, algo que prometeu fazer e não conseguiu, as pessoas acabam lançando esses ataques. As pessoas estão mentindo. Isso será provado nos autos do processo", declarou. Cássio Fala Pira acompanha polícia durante cumprimento de mandados de busca Reprodução/ EPTV A seguir, veja nota da defesa de Cássio Fala Pira na íntegra: "A defesa técnica e constituída pelo Vereador Cássio Luiz Barbosa, vem, por meio desta nota, esclarecer, publicamente, os fatos relacionados às acusações dirigidas a ele, às quais não correspondem à verdade. Os relatos apresentados por supostas 'vítimas', carecem de verossimilhança e não encontram respaldo nas frágeis acusações produzidas em redes sociais que se consubstanciam, em cancelamento e linchamento virtuais, violando a honra e a imagem do vereador, do cidadão e do pai Cássio Luiz Barbosa. Releva notar, que a autoridade policial que preside o inquérito na Delegacia de Defesa da Mulher e que redundou na precoce representação de prisão temporária junto ao Poder Judiciário, sequer teve o cuidado e a prudência de convocar o Vereador Cássio, para dar-lhe a oportunidade de esclarecer os supostos fatos e acusações vindo, em maioria, de usuários da internet, que se colocam como juízes e, ao mesmo tempo, se enxergam como carrascos, promovendo o linchamento virtual, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder, sem que nenhuma penalidade lhes sejam impostas. Ressalta-se que o Vereador Cássio Luiz Barbosa, assim como qualquer cidadão brasileiro, possui o direito constitucional à presunção de inocência, à ampla defesa e ao contraditório e do devido processo legal, diante do princípio da dignidade da pessoa humana. A prisão, ainda que temporária, no entendimento da Defesa, é medida excepcional, diante do princípio da dignidade da pessoa humana, de qualquer forma, reitera, nesta oportunidade, a sua confiança na Justiça e reafirma que, ao final do processo, sua inocência será comprovada". Vereador Cássio Luiz Barbosa, o Cassio Fala Pira, de Piracicaba Rubens Cardia/ Câmara Municipal de Piracicaba Veja mais notícias no g1 Piracicaba