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Investigação aponta propina para deputado federal no esquema de desvios do INSS

PF prende ex-presidente do INSS e mais 8 na 4ª fase da operação que apura desvios de aposentadorias A investigação da Polícia Federal sobre os descontos i...

Investigação aponta propina para deputado federal no esquema de desvios do INSS
Investigação aponta propina para deputado federal no esquema de desvios do INSS (Foto: Reprodução)

PF prende ex-presidente do INSS e mais 8 na 4ª fase da operação que apura desvios de aposentadorias A investigação da Polícia Federal sobre os descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aponta que o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) recebia propina para defender os interesses dos fraudadores. Euclydes Pettersen foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (13), durante uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga o esquema nacional de fraudes e descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. 👉🏽 Segundo a investigação, o deputado tinha em Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT) que foi preso nesta quinta, um intermediário e canal de pagamento de propinas. Nas conversas a que os investigadores tiveram acesso, o deputado Euclydes Pettersen é denominado "Herói E". Os investigadores tiveram acesso a mensagens de um diálogo em que Vinícius se compromete com Cícero Marcelino, assessor da Conafer, a descobrir dados de pagamento de Euclydes Pettersen. Após conseguir as informções, Vinícius repassa informações da Fortuna Loterias. Procurado pelo g1, o deputado afirmou que ainda não teve acesso à decisão e que não tem qualquer participação nos fatos investigados pela PF. "Ainda não tivemos acesso à decisão, confiamos na justiça e nas instituições e reiteramos que as investigações esclarecerão que não temos qualquer participação nos fatos apurados", disse Pettersen. A ação desta faz parte da Operação Sem Desconto, deflagrada em todo o país, com o cumprimento de 63 mandados de busca e apreensão, 10 de prisão e outras medidas cautelares. Em Minas Gerais, a PF esteve no apartametno do parlamentar, em Governador Valadares, para cumprir a determinação judicial. Deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) Bruno Spada/Câmara dos Deputados A investigação já tinha apontado Pettersen como porta-voz político da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil). O deputado também teria vendido uma aeronave ao presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), uma ONG ligada à Conafer, ao mesmo tempo em que destinou emendas parlamentares à entidade. A suspeita é de que parte da verba pública enviada por ele tenha sido redirecionada, por meio de fraudes em licitação, para empresas ligadas à própria confederação. A Conafer e o ITT são investigados pela PF e pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, instalada no Congresso Nacional para apurar o esquema que teria causado desvios bilionários em benefícios. Pagamentos para ex-ministro As investigações também apontam o ex-ministro da Previdência no Ahmed Mohamad Oliveira, anteriormente chamado José Carlos Oliveira, como um dos pilares institucionais da fraude na Conafer. Ele comandou o ministério no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a investigação, como diretor de benefícios do INSS e depois como ministro do Trabalho e Previdência Social, Ahmed autorizou repasses ilegais e recebeu vantagens indevidas em contrapartida. Os investigadores encontraram uma planilha de fevereiro de 2023 com registro de pagamento de R$ 100 mil a "São Paulo Yasser". Segundo a investigação, Ahmed tinha como apelidos os termos "Yasser" e "São Paulo". Os policiais também encontraram mensagens de WhatsApp de agradecimento de Ahmed a Cícero Marcelonoi, que teriam sido enviadas após receber dinheiro. A investigação também aponta que Ahmed, quando era diretor de benefícios do INSS, autorizou o desbloqueio e também o repasse de R$ 15,3 milhões à Conafer. Os policiais apontam que a decisão do ex-ministro foi realizada sem comprovação das filiações exigidas pelo Acordo de Cooperação Técnica (ACT) sobre o tema e sem exigir documentos que comprovassem as filiações de associados. Segundo a investigação, a decisão de Ahmed possibilitou que a Conafer retomasse e ampliasse a fraude dos descontos em benefícios do INSS, com a inclusão de mais de 650 mil benefícios previdenciários. Pagamentos para presidente do INSS As investigações da Polícia Federal apontam que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia até R$ 250 mil por mês em propinas pagas pela organização criminosa que fraudava descontos em folha de aposentados e pensionistas por meio da entidade Conafer. Stefanutto também foi preso mais cedo nesta quinta. Segundo documentos encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF), Stefanutto era considerado peça estratégica para manter ativa a estrutura de desvios, que operava a partir de um Acordo de Cooperação Técnica firmado com o INSS em 2017. Mensagens interceptadas pela PF, planilhas apreendidas com operadores financeiros e ordens de liberação de repasses sem comprovação de filiação reforçam a suspeita de pagamentos sistemáticos ao ex-presidente do órgão. A propina, segundo a PF, foi paga por meio de empresas e até de uma pizzaria. 💰 A PF estima que mais de R$ 640 milhões foram desviados entre 2017 e 2023 só via Conafer — sem contar outras entidades também investigadas. O esquema envolvia falsificação de fichas de filiação, inserção de dados fraudulentos em sistemas do INSS e distribuição de recursos por meio de empresas de fachada e intermediários financeiros. A investigação verificou que a Conafer procurava os aposentados para que eles assinassem um termo para sair dos convênios. No entanto, as assinaturas eram usadas, de forma fraudulenta, para autorizar descontos. O JN mostrou como funcionava na prática esse processo irregular.