cover
Tocando Agora:

Mais da metade do carbono orgânico do solo brasileiro está na Amazônia, diz estudo

O Brasil possui 37,5 gigatoneladas de carbono orgânico no solo, concentradas principalmente na Amazônia, revela pesquisa do MapBiomas que analisou dados entre...

Mais da metade do carbono orgânico do solo brasileiro está na Amazônia, diz estudo
Mais da metade do carbono orgânico do solo brasileiro está na Amazônia, diz estudo (Foto: Reprodução)

O Brasil possui 37,5 gigatoneladas de carbono orgânico no solo, concentradas principalmente na Amazônia, revela pesquisa do MapBiomas que analisou dados entre 1985 e 2024. Mais da metade desse estoque (52%) está concentrada na Amazônia. 📌O carbono orgânico do solo ajuda a manter a fertilidade, armazenar água e mitigar mudanças climáticas. O Brasil armazena cerca de 37,5 gigatoneladas (Gt) de carbono orgânico do solo, na camada de 0 a 30 centímetros, o equivalente a uma média de 44,1 toneladas por hectare (t/ha). O estudo também mostra que 35,9% do solo brasileiro armazena entre 40 e 50 t/ha de carbono. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Apesar da Amazônia ter a maior quantidade de carbono no solo, a Mata Atlântica é o bioma com a maior concentração por hectare. Isso se dá pela extensão e características próprias dos biomas. Os maiores estoques estão em florestas de várzea, como próximas ao Rio Negro na Amazônia, e na zona costeira da Mata Atlântica. Por que isso importa O carbônico também indica como o território evoluiu em termos de vegetação, clima e relevo. Esta é a primeira vez que os padrões de estoque de carbono, textura e pedregosidade do solo brasileiro são analisados de forma integrada. A textura do solo também influencia armazenamento e uso da terra. A pesquisa destaca a relação entre textura do solo, como por exemplo a proporção de areia, silte e argila e o armazenamento de carbono. Na camada de 0 a 30 cm, 63,4% do território possui solo de textura média, seguido por solos argilosos (29,6%). Solos arenosos, siltosos e muito argilosos somam apenas 7% da área. Em profundidade (60–100 cm), o solo brasileiro torna-se majoritariamente argiloso (63,6%). A Mata Atlântica apresenta solos com mais de 60% de argila, favorecendo retenção de água, nutrientes e carbono. Em contraste, Cerrado, Caatinga e Pantanal que concentram solos arenosos, com menor retenção de água e carbono, mas maior recarga de aquíferos. Já as várzeas amazônicas acumulam silte e grandes estoques de carbono, fruto de sedimentos transportados pelos rios. “Esses dados ajudam a explicar por que diferentes ambientes respondem de formas distintas ao uso do solo e às condições climáticas. Solos descobertos têm maior risco de erosão, enquanto vegetação natural ou cultivos perenes aumentam a infiltração de água e a retenção de carbono”, observa Samuel-Rosa, um dos coordenadores do MapBiomas Solo Uso do solo e pedregosidade Entre 1985 e 2024, a pastagem se expandiu sobre solos médios e arenosos, enquanto a agricultura cresceu em áreas pouco pedregosas nos primeiros 90 cm do solo. A silvicultura se concentrou em solos superficiais pedregosos, explorados por espécies com raízes mais robustas. O estudo revela que 9% do território (77 milhões de hectares) possui solo com pedregosidade dominante nos primeiros 100 cm, dificultando mecanização e armazenamento de água, especialmente na Caatinga, onde a profundidade e a rocha limitam o crescimento das raízes. Carbono e textura Solos argilosos, muito argilosos e siltosos possuem os maiores estoques de carbono, frequentemente acima de 50 t/ha, enquanto solos arenosos têm média de 32 t/ha. Na Caatinga, a diferença entre solos muito argilosos e arenosos chega a 35 t/ha. “No Brasil, a distribuição do carbono orgânico do solo é heterogênea, refletindo a diversidade climática, geológica e ecológica do território. Integrar essas informações permite analisar os biomas em detalhes e compreender melhor o potencial de armazenamento de carbono e água”, explica a professora Taciara Zborowski Horst, que também coordena a pesquisa. Projeto de reflorestamento da floresta amazônica no Maranhão. Divulgação/re.green